sexta-feira, 26 de abril de 2013

A criatura (3/3)


No caminho liguei para um amigo de infância que ainda morava no bairro em que eu cresci; deixei minha filha na casa da minha mãe e fui para a minha antiga casa. Estava muito escuro lá dentro, o ar estava abafado devido ao tempo que esteve fechada. Subi as escadas e comecei a ter uma sensação horrível, um aperto no coração, eu estava me lembrando de onde a criatura me conhecia. Do meu próprio quarto.

Quando abri a porta do meu antigo quarto, a atmosfera mudou. De um ar abafado devido ao à casa fechada, o ar ficou mais denso, as luzes falharam. Quando coloquei meu pé dentro do quarto poderia jurar que ouvi risos. Fechei a porta e avancei.

Comecei a me recordar de todas as coisas que passei naquele quarto. Tudo começou com uma imagem de canto de olho, e meus pais me ignoravam; ate que chegou ao ponto em que a criatura me machucou. Meus pais assim como eu eram muito céticos, então continuaram falando que era tudo fruto da minha imaginação, e me colocaram para morar com a minha avó. Mas a criatura ainda morava dentro de mim.

Enfim, eu cresci e a criatura sumiu. Mas agora ela voltou, e eu tenho que enfrenta-la.

Fique parado por um tempo em frente ao meu guarda roupa, reunindo forças e coragem para enfrenta-lo. Consegui. A hora é agora. Preparei-me para o pior, com a arma em punho abri a porta do meu guarda roupa, um ar gelado veio em direção ao meu resto trazendo um sussurro, “Entre”.

O silêncio voltou a dominar o ambiente, respirei fundo e entrei. O guarda roupa em si era pequeno, mas por dentro era gigantesco. Fechei as portas atrás de mim, a escuridão dominou tudo. Acendi minha lanterna e andei; afastei algumas roupas muito velhas que ainda estavam lá dentro e segui o pequeno feixe de luz que aparecia no final do guarda roupa (que parecia não ter fim).

Depois de muito tempo andando um pouco sem direção finalmente eu chego. Uma pequena sala com uma cadeira grande ocupada pela criatura, uma cadeira um pouco menor à sua frente escrita meu nome e uma pequena lâmpada  no chão acesa sem nenhuma explicação.

Houve um silêncio mortal entre eu e a criatura que pareceu durar horas, ate que ele sorriu.

- Olá Mark, quanto tempo.
- O quê você quer de mim?!
- Que forma mais grosseira de tratar um amigo de infância. Sente-se, por favor, gostaria de comer alguma coisa?
- Não! Quero apenas saber o quê você quer comigo!
- Nada de mais, apenas relembrar os velhos tempos.
- NÃO!!!

Peguei a arma e descarreguei-a nele, mas ele desapareceu. Comecei a correr, mas não achava a saída, o pequeno guarda roupa parecia um labirinto gigante e sem fim. Tropecei. Caí de cara em algo mole. Levantei-me  e me vi em um outro lugar, um outro cenário. Um jardim. Eu conhecia aquele lugar, já havia estado ali em meus sonhos quando criança; era um lugar belo, cheio de vida. Eu o amava.

Mas agora estava destruído, cheio de ódio Porque a criatura me levou para lá novamente?

Comecei a caminhar, meus olhos se encheram de lágrimas. Um lugar que no passado só me trazia alegria, hoje está destruído. Enfiei a mão no meu bolso peguei  minha arma, coloquei-a na cabeça e apertei o gatilho. “Clack”

Acordei deitado no sofá da minha casa com a arma descarregada na minha mão. Não estava entendendo, a criatura estava brincando com meu psicológico. Peguei um caderno e comecei a escrever os ocorridos; aqui estou eu agora. Já terminei de contar tudo, esse é o fim da historia e de minha vida. Já recarreguei minha arma.

Não sei se agora estou ficando louco, não sei se estou sendo vencido pela criatura. Tudo que sei é que antes tudo isso era real! Tenho uma cicatriz no pescoço por isso! Deixo meu adeus à minha mãe e minha filha. Eu as amo muito.

Espero que no futuro possam entender minha decisão. A arma já está apontada, esse é meu último adeus...

~Chuck

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