sábado, 11 de maio de 2013

Lenda Urbana: O Palhaço da Casa Nº 09 (4/5)


Maria perguntou a Augusto se ela havia notado como a Rua Cesário Alvim era vazia naquela região e explicou que o motivo disso era por que as pessoas não tinham muita coragem de morar por ali. Diziam que aquela parte da rua continha uma energia negativa.

A mulher explicou que ainda morava ali, pois nascera naquele local e que nem sempre a rua fora deserta e assustadora como era agora. Contou que viu nascer a lenda que acabou com a vida da garota e que o início de tudo isso havia acontecido quando ela ainda era uma moça.

- Foi em 1965. Disse Maria de Lurdes. – Um dia, a rua ganhou um novo morador, um homem que dizia ter vindo de Curitiba, da capital. Esse homem veio morar na casa N° 9 e sua profissão era vender algodão-doce.

Augusto escutava tudo atentamente, procurando fazer ligações com o crime que havia presenciado.

- Esse homem se chamava Marcio, se não me falha a memória. Ele vendia seus doces vestido de palhaço. Mas Marcio só morou durante seis meses aqui, pois depois de um tempo, nós moradores descobrimos algo terrível. O homem era um pedófilo e oferecia doces de graça para algumas crianças em troca de caricias. Isso durou até o dia em que um dos meninos contou a história para o pai, então fizemos uma armadilha e conseguimos pegar o louco no flagra.

- Compreendo. Disse Augusto, ele estava hipnotizado pela narrativa de Maria de Lurdes.

- Mas naquela época meu filho, de nada adiantava nós chamarmos a policia como é feito nos dias de hoje. Isso se misturou com a raiva que todos estavam do novo morador e o resultado foi justiça com as próprias mãos! Alguns homens se juntaram e espancaram Marcio até a morte e para completar enterraram o corpo dele nos fundos daquele terreno da casa nove. O tempo passou e as coisas foram esquecidas, mas depois de alguns anos, quando ninguém mais se lembrava do acontecimento, coisas estranhas começaram a acontecer.

- Tipo o que? Perguntou Augusto.

- Mortes senhor policial, mortes. O tempo correu, e então todo ano, no dia em que nós moradores havíamos acabado com a vida do maldito palhaço, uma criança sumia.

Maria continuou:

- As pessoas ficaram assustadas, algumas diziam que naquela data, dia 19 de outubro, viam o palhaço andando pelas ruas, vendendo seus doces. Com o tempo os moradores começaram a deixar as crianças dentro de casa, sempre que chegava o dia do aniversario de morte de Marcio. Mais anos se passaram, e as pessoas começaram a transformar a realidade em lenda, assim como ignorar o desaparecimento de uma criança por ano, afinal são tantas que se perdem todos os dias? Não é verdade meu filho?
Desde tudo isso mais de quarenta anos se passaram, as pessoas agora tem medo da casa nove e medo da rua. Só eu sobrei, eu e o palhaço, que aparece uma vez por ano apenas para se vingar, para se alimentar e depois voltar para o mundo dos mortos. Acredita nisso policial? Concluiu Maria, perguntando.

Augusto não sabia o que responder, apenas agradeceu a mulher pelo relato e disse que aquilo havia sido de extrema importância. Maria não sabia que Augusto não era um policial, mas sabia que o relato dela não mudaria nada, não havia o que ser feito.

- Quem era a garota que morreu dessa vez? Perguntou Augusto antes de sair da casa da velha.

- Não tenho a mínima ideia, as vezes acho que ele fica um dia inteiro aqui e que vai buscar suas vítimas em outros lugares, hoje em dia é fácil ver aqui na cidade palhaços vendendo algodão-doce. Respondeu Maria rindo.

- Obrigado. Finalizou Augusto e se afastou da casa, indo em direção ao seu carro. O rapaz ainda chegou a escutar a velha dizendo.

- Fique com Deus garoto.

~Chuck

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